terça-feira, 19 de março de 2013

Casamentos têm cheiro de laquê


Boa madrugada, pessoal. Primeiro post de 2013, aeaeaeae! E...*pausa dramática...eu casei! Você que leu o post de baixo provavelmente vai pensar que aquilo era uma indireta para o meu noivo, e que depois de ler aquele post ele se sentiu compelido a casar comigo. Mas não. Queria eu ter esse poder de persuasão! Aquele post era mais um desabafo com os homens em geral, que tem essa síndrome de pânico de casamento. Enfim, estamos morando juntos a quase 3 meses, e está tudo lindo e florido.

Bom, eu andava com um texto na minha mente, mas nem ia postar nada. Só que aí lembrei do blog e resolvi dar uma olhadinha nele...e aí descobri que ele tem mais de 4.800 visitas. Fato que me deixou surpresa. Tão surpresa que resolvi postar o tal texto! *ta-dããããã* Então, sem mais delongas, vamos lá!

CASAMENTOS TÊM CHEIRO DE LAQUÊ, POR PRISCILA MORAES


Meu casamento foi um desastre. Não me leve a mal! Amei meu casamento. Mas é que muita coisa não saiu como planejado, e foi cada uma dessas pequenas coisas que o fizeram inesquecível. Me imagino daqui a uns 30 anos virando pro meu marido e perguntando: Amor, você se lembra que eu perdi a chave do seu carro no dia do nosso casamento? 

Mas vamos começar do começo. Era dia 12 de janeiro de 2013. Dia cuidadosamente escolhido, pois era o dia em que faríamos 2 anos que nos conhecemos no Hotel Fazenda Villa Rial. Não poderíamos ter escolhido outro local para nos casarmos, e acabamos casando lá, onde nos conhecemos. Eu sabia que teria que acordar cedo, afinal noivas têm um dia cheio. Às 08:00 da madrugada eu já estava acordada, tomada banho e devidamente vestida para ir tomar café da manhã. Me despedi do meu noivo, já que combinamos que não íamos ficar juntos naquele dia, pois ambos teríamos muito o que fazer, e eu não queria que ele me visse me arrumando. 

Já comecei o dia bem, com uma diarreia daquelas bem brabas. Indo ao banheiro de 10 em 10 minutos. Todo mundo me dizia "é o nervoso!", e eu apenas sorria amarelo e garantia que "não estava nem um pouquinho nervosa". Pra piorar a situação, os convidados começaram a chegar, porque fechamos os hotel só para o evento e cada família ou grupo tinha um quarto reservado. Aí o pessoal chegou cedo para aproveitar o dia. O fato é que cada convidado que me via, nem me dava bom dia. Já chegavam me perguntando "TÁ NERVOSA?!". Depois de ouvir isso umas 500 vezes, eu estava a ponto de ter uma síncope. 

Muitas águas de coco depois, eu já estava me sentindo melhor (pelo menos quanto à dor de barriga). Cada vez mais gente estava começando a chegar, e eu começava a ficar mais nervosa. E se botarem poucos arranjos? E se a decoração ficar brega? E se eu cair na hora da entrada? E se eu gaguejar na hora dos votos? E se meus amigos que não tem carro não vierem? E se o povo não gostar da festa? E se meu vestido rasgar? E tiver pouca comida? E se tiver muita comida? E se chover e acabar com o cabelo das convidadas? E se eu não entrar no vestido? E se, e se, e se...eu estava quase enlouquecendo. 

Percebendo meu estado de nervos, meu cabeleireiro e meu maquiador que estavam lá, aproveitando o dia na piscina antes de começar a maratona de maquiagem e cabelo, meus e das convidadas, me mandavam "descansar um tiquinho" o tempo todo. "Vai, menina. Tira um cochilo!" Mas quem disse que eu conseguia pregar os olhos? Eu estava à mil! Não podia simplesmente deixar os convidados sozinhos, tinha que recebê-los. Pelo menos, era essa a desculpa que eu dava. 

Às 10:00 da manhã, era hora de começar a arrumar o cabelo. Fazer escova, e enrolar nos bobes. Quando finalmente estava igual à dona florinda, esperei até mais tarde para me maquiar. Enquanto esperava, senti uma tontura estranha e tudo escureceu. Lembrei então que não tinha comido nada no café da manhã e no almoço por causa da dor de barriga. Resultado, pedi um misto e um suco antes que eu passasse mal na hora do "sim". A essa altura do campeonato, encontrei meu digníssimo noivo...bebendo skol com um dos nossos padrinhos de casamento (é você, Elvio!). Mais tarde, ele me confessou que até Whisky bebeu antes da cerimônia ! Devo contar a vocês que pedi a meu noivo para não beber antes da festa, depois da cerimônia ele poderia encher a cara o quanto quisesse. Mas o fato é que ele já estava na terceira latinha. Respirei fundo, e saí para me maquiar. Já eram 16:00 h. Pouco antes de eu sair, meu noivo me entregou a chave do carro dele. Afinal, era no carro dele que eu apareceria na frente da Capela. Foi naquele carro que demos nosso primeiro beijo, e por isso eu o escolhi a dedo. 

Enquanto Luciano me maquiava (divinamente, diga-se de passagem), o fotógrafo começou a me fotografar e filmar. Percebi então que era muito difícil sorrir para a foto/filmagem, quando tinha um lápis enfiado no seu olho. Mas tentei. Devidamente maquiada, segui para uma maratona de fotos do making of. Tive que sair do local onde Lu e Lawinsy estavam maquiando e arrumando os cabelos, porque o ar condicionado de lá não era potente o suficiente e eu estava começando a suar. O que arruinaria a maquiagem. Corri então para o quarto Jersey 02, onde algumas amigas minhas já começavam a se arrumar. 

O casamento estava marcado para as 18:00 h, e às 17 e pouco, eu já estava devidamente vestida e calçada (com meu all star), à espera do cabeleireiro para fazer o penteado. O coitado do Lawinsky chegou todo esbaforido para fazer meu penteado, mas o importante é que ficou impecável. Quando estava tudo pronto, percebemos que não ia ter onde prender meu véu. Naquela altura do campeonato, eu toquei o "foda-se" e disse "vai sem véu mesmo!". Já era mais de 18:00 e o que eu sentia transcendia o nervosismo. "PQP, TÔ ATRASADA!". Achei estranho ninguém ter ido me buscar, mas saí correndo mesmo assim, com uma de minhas madrinhas de casamento logo atrás, levantando minha cauda para não sujá-la de terra. Foi uma cena cômida. Uma noiva correndo desesperada pelo hotel. Só que quando eu cheguei lá, encontrei uma aglomeração na porta e minha mãe logo gritou "VOOOLTA, VOOOOLTA!". Eu nem tive tempo de entender por que, mas voltei do mesmo jeito que vim...correndo. 

Comecei a entrar em pânico. Por que ninguém me dava notícias? Já ia dar 19:00 h e nada! À certa altura da noite, alguém me pergunta: "Quem vem te buscar de carro?". Nesse momento, eu senti o sangue fugir do meu rosto. "Puta que o pariu, a chave do carro de Kleber!" Onde estava a chave? Com quem eu deixei? Começamos a vasculhar o quarto, e nada de encontrar a chave, nem eu me lembrar com quem deixei. E agora? O que fazer? "Kleber vai me matar!" Resultado: Eu estava atrasada, sem carro, sem motorista e sem padre. Comecei a hiperventilar e me abanar pra não chorar. Até que vieram me dar notícias. O padre tinha se atrasado, mas já tinha ligado e já estava chegando. Informei que tinha perdido a chave do carro do noivo,  e foram buscar alguém pra me levar até a capela. Mais tranquila, lembrei que o atraso do padre era culpa minha. No início do ano, quando marcamos tudo, eu não sabia se teríamos horário de verão ou não. De modo que informei ao padre que o casamento seria às 19:00 (18:00 do nosso horário normal, porque queria casar com o pôr-do-sol). 

Um primo veio me buscar no seu carro, e alguém tinha que me ajudar a entrar. 100 kg de pano me fizeram entalar na porta do carro. Cris, muito solidariamente se ofereceu pra me ajudar. Chegando lá, Neise (do cerimonial) me avisou que era a hora de entrar. Dei o braço a meu pai, e juntos adentramos a capela em grande estilo (eu praticamente arrastando o pobrezinho para chegar mais rápido). O combinado era que eu entrasse quando a daminha e o pajem estivessem já no altar, já que cada um tinha uma música e não queríamos que o DJ se atrapalhasse. Assim que pisei no tapete vermelho o DJ me viu e colocou a música da minha entrada (o tema instrumental de Edward e Bella, de Twilight. SIM!). Só deu tempo de ouvir a introdução. O DJ me viu, mas o noivo não tinha me visto, e ao ver que a daminha e o pajem ainda estavam na metade do caminho, pediu que o DJ tirasse minha música e botasse a dos meninos de novo. Só que aí, parceiro, eu já estava entrando. Resultado, erraram a minha música da entrada. A música que eu escolhi tão carinhosamente. Reparei também que não tinha lírios na decoração como eu pedi. Como eu tinha 100 câmeras apontadas para a minha cara, só me restava sorrir. Sorri também porque pouco tempo antes de eu entrar, recebi um conselho muito sábio de duas tias minhas "Hoje, mesmo que dê tudo errado, sorria!". Quando eu vi a cara do noivo me olhando como se eu fosse a mulher mais linda do mundo, foi como se só nós dois estivéssemos ali naquela capela. Foi um momento mágico. Mas assim que cheguei até ele, cometi a gafe de tentar beijá-lo. No meio do caminho, lembrei que só podia quando o padre dissesse "pode beijar a noiva", e me afastei a tempo, com um sorriso sem graça. A cerimônia foi linda, e pelo menos nesse curto período de tempo, deu tudo certo. Quando o padre nos declarou marido e mulher, celebramos nossa mais nova união com um beijo muito emocionado. (Agora pode!) 

Levantei então a barra do vestido e mostrei a todo mundo o que estava calçando (o all star até então era surpresa). De braços dados com meu marido, saímos da capela ao som de Coldpay mais felizes do que nunca. Até aquele momento, eu tinha me mantido firme e forte, e não tinha chorado. Mas cumprir essa missão se tornou muito difícil, se não impossível, quando descobri que minha mãe me tinha feito uma surpresa. Ela contratou fogos de artifício. Daqueles que a gente vê no reveillon, sabe? Eu tenho um verdadeiro fascínio por fogos desde criança, e por essa lembrança mais que especial, chorei, borrando minha maquiagem toda. Na saída também reparei que as velas não estavam acesas, porque as meninas já tinham usado em outro evento, e não tinha mais pavio pra acender. 

Depois de receber os cumprimentos de mais de 100 convidados, foi a hora do jantar. Comemos pouco, eu e meu marido, afinal ainda tínhamos uma bateria de fotos para tirar com o salão ainda vazio. E tome-lhe foto! Depois que os convidados voltaram para o salão, foi o momento da primeira dança dos noivos, agora marido e mulher. O que deveria ter sido muito romântico, mas se tornou cômico. Enquanto dançávamos, sendo o foco de atenção de todo mundo, as crianças estavam endiabradas correndo pelo salão. Ah, essas crianças fizeram miséria. Até tapinha na bunda do noivo elas deram! Cadê o respeito? Cadê a moral? Depois de ter a minha primeira dança arruinada, foi a hora de jogar o buquê...que NINGUÉM queria pegar!  Quase todas as meninas estavam de braços cruzados. Acho que só eu sou doida pra casar com 20 anos mesmo. Tive que jogar o buquê 3 vezes, porque nas duas anteriores, foram as CRIANÇAS que pegaram e saíram correndo. Na terceira, joguei o buquê já esmigalhado e coincidentemente, a gerente do hotel que pegou. Agora, era a vez do noivo jogar o buquê de piriguete. Mas cadê? Quem trouxe? Percebemos então que tínhamos esquecido. Sem problemas, joga-se então uma caixa de whisky! (Vazia, é claro, não queria nenhum caso de traumatismo craniano estragando minha grande noite e roubando minha atenção. Brincadeirinha!). Depois que os homens reproduziram a cena final de "Perfume" e se amontoaram todos numa luta feroz pela garrafa de Ballantine's, a boate foi devidamente aberta. Saí correndo para trocar de roupa, porque aquele vestido longo estava me matando de calor. Quando volto, percebo que as sandálias havaianas já estavam sendo distribuídas e que se eu não corresse, não iria sobrar uma para mim! Eu, a noiva! 

As horas foram passando, e o povo foi bebendo e bebendo...e no final, quase todo mundo já estava se jogando na piscina de roupa e tudo. Até eu caí naquela água gelada! Às 04:00 da matina, meu noivo (trêbado) estava gritando "VAMOS DORMIIIIIR, AMOR! VAMOS PRO QUARTO! UHÚÚÚ! NOITE DE NÚPCIAAAASSSSS". Acho que a intenção dele era falar baixinho. Aí lá vou eu, toda empolgada, afinal eu tinha preparado uma surpresa para nós. Combinei com as meninas do cerimonial de jogar pétalas de rosa por todo o quarto, e colocar uma champanhe na geladeirinha. Quando chegamos lá, o quarto estava lindo e eu estava pensando em colocar AQUELA lingerie...Aí percebi os roncos vindos da cama. Meu "marido" estava entregue nos braços de Morpheu. Ele dormiu de roupa, todo molhado, por cima das pétalas e do lençol. Aí lá vou eu, a boa esposa, tirar a roupa molhada, enxugar ele, e colocar uma roupa seca para ele não gripar. Vesti meu pijama, desliguei a luz e dormi. 

Acordei com uma dor estranha no peito, e o coração acelerado. Achei que fosse enfartar. Até hoje não sei o que foi aquilo, mas tenho certeza que foi causado pelo stress que tinha sentido naquele dia. Acordei Kleber desesperada, e ele me acalmou, até que consegui dormir novamente. 

No dia seguinte, todo mundo POOOOOODRE de ressaca. Eu tive que sair catando minhas coisas pelo hotel todo. Parecia que eu cada quarto, eu tinha esquecido alguma coisa. O paletó do noivo foi encontrado no chão do quiosque da piscina, sabe-se lá como! O mistério da chave do carro desaparecida foi solucionado. A chave estava o tempo todo no bolso de Lawinsky, meu cabeleireiro. DÃ!

Quando paro pra pensar naquele dia corrido, sorrio com carinho. Porque tudo deu errado. Porque tudo foi lindo. Porque foram as gafes, os erros, e os problemas que fizeram do meu casamento um dia inesquecível. E quando penso naquele dia, sinto cheiro de laquê. Aquele de cabelo, sabe? Aquele cheirinho que senti quando estava terminando meu penteado, sonhando em marchar logo pelo tapete vermelho e me tornar a Sra. Almeida. Casamentos têm cheiro de laquê.















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