quinta-feira, 17 de junho de 2010

Patriotismo repentino: Copa do mundo

Camisas, bonés, chapéus ridículos, vuvuzelas, bandeirolas na fachada da casa, bandeirinhas na janela dos carros, apitos sem fim, e bandeiras gigantes.
Isso é só uma ínfima parte do entusiasmo dos brasileiros pela Copa do mundo que está acontecendo agora, enquanto eu falo. Digo, escrevo.
Todos ficam nervosos, gritam...alguns até choram. Torcem por seu país fervorosamente.
Se orgulham de ser brasileiros quando sobrepujam o adversário.
E tudo isso...numa partida de futebol.
É o que chamo de Patriotismo repentino, como cito no título do post.
O que me irrita, é que isso só acontece em copa do mundo.
(Não que eu queira que os brasileiros saíssem na rua o ano inteiro com esses chapéus horrorosos!)
Se os brasileiros tivessem metade do amor à pátria que mostram em época de copa, o país não estaria essa desgraça que está.
E eu me pergunto: Por quê ?
Como diria um antigo mestre..."Por quê ?! Pra quê ?! Com que finalidade ?!"
O país precisa de atenção ! E só recebe isso quando vai pra onde Judas perdeu as cuecas pra jogar futebol?
2012, eu conto com você.
O post não foi tão grande, mas ainda não acabou. Postarei aqui uma letra de música de Zé Ramalho, juntamente com o link do vídeo no youtube. A letra é grande, mas vale a pena ler. Ouçam a música também. É um tapa - merecido - na cara de tão real que é.

O meu país - Zé Ramalho
Link: http://www.youtube.com/watch?v=pbTe4SSVvzI

"Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo

Um país que crianças elimina
Que não ouve o clamor dos esquecidos
Onde nunca os humildes são ouvidos
E uma elite sem deus é quem domina
Que permite um estupro em cada esquina
E a certeza da dúvida infeliz
Onde quem tem razão baixa a cerviz
E massacram - se o negro e a mulher
Pode ser o país de quem quiser
Mas não é, com certeza, o meu país

Um país onde as leis são descartáveis
Por ausência de códigos corretos
Com quarenta milhões de analfabetos
E maior multidão de miseráveis
Um país onde os homens confiáveis
Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
Mas corruptos têm voz e vez e bis
E o respaldo de estímulo incomum
Pode ser o país de qualquer um
Mas não é com certeza o meu país

Um país que perdeu a identidade
Sepultou o idioma português
Aprendeu a falar pornofonês
Aderindo à global vulgaridade
Um país que não tem capacidade
De saber o que pensa e o que diz
Que não pode esconder a cicatriz
De um povo de bem que vive mal
Pode ser o país do carnaval
Mas não é com certeza o meu país

Um país que seus índios discrimina
E as ciências e as artes não respeita
Um país que ainda morre de maleita
Por atraso geral da medicina
Um país onde escola não ensina
E hospital não dispõe de raio - x
Onde a gente dos morros é feliz
Se tem água de chuva e luz do sol
Pode ser o país do futebol
Mas não é com certeza o meu país

Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo

Um país que é doente e não se cura
Quer ficar sempre no terceiro mundo
Que do poço fatal chegou ao fundo
Sem saber emergir da noite escura
Um país que engoliu a compostura
Atendendo a políticos sutis
Que dividem o brasil em mil brasis
Pra melhor assaltar de ponta a ponta
Pode ser o país do faz-de-conta
Mas não é com certeza o meu país

Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo ♫"

E o Kiss My Ass! do dia vai para: Léo, meu professor de Geografia do 2º ano, que me apresentou a essa música maravilhosa. Saudades de você, disgreiscol !